segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Gonzaga Pierot e o Felinto Rego


Fui aluno do Ginásio Felinto Rêgo de 1970 a 1973. Fui da primeira turma de 1ª série do Ginásio que não fez o quinto ano de admissão.

Fiz as provas do 5º ano nas férias e fui direto do 4º ano primário para a 1ª série do Ginásio. Fui companheiro de sala do seu filho Rocha Júnior. Pude testemunhar não só a qualidade do professor, como a sua disciplina.

Escutei o “mocinho, já para casa” duas vezes por chegar na sala de aula depois de tocar a campainha.

Exagero? Pode ser. Mas com seus filhos ele fazia pior, para dar o exemplo.

Uma vez ele ofereceu carona ao Rocha Júnior no seu carro. Ele estranhou, pois era fato que não acontecia na rotina diária. Apesar da distância de sua casa para o Ginásio, ele vinha sempre no “pé dois”. Naquele dia ele estranhou, mas aceitou.

No trajeto, de vez em quando olhava para o Rocha júnior, mas não dizia nada. O filho ia ficando cada vez mais “cabreiro”. Ao chegarem na porta do Ginásio, o Dr. Antônio olhou mais uma vez para o Rocha Júnior e disse: Rapazinho, esse seu cabelo está muito grande. Vá cortar e depois vá já para casa.

O Rochinha, sem saber o que fazer, apenas disse:

− Me dê o dinheiro para cortar.
− Isso é com a Irene − respondeu.

Eu era e ainda sou fã do Dr. Antônio, das suas aulas de Geografia. Sem anotar nada, apenas de cabeça, ele nos transportava para um mundo distante ao descrever as cidades, estados e países.

Sabíamos no mínimo as cinco principais cidades de cada estado e, dessas, suas características econômicas e geográficas. Sabíamos os países e suas capitais e suas características econômicas e geográficas. Quando viajei ao Paraná, atravessando quase todo o Brasil, era como se aquelas cidades já fossem nossas velhas conhecidas.

Dr. Antonio era e é um homem à frente de seu tempo. Fazia os discursos dos principais políticos de União, desde as campanhas até o da posse. Podemos dizer sem medo de errar que, por muitos anos, ele foi a pessoa mais bem informada de União.

Era por essa sua capacidade intelectual e moral que ele muitas vezes demitia professores e funcionários indicados por políticos e mantinha sua decisão mesmo diante dos apelos dos políticos, numa época que eles mandavam muito mais do que hoje.

Na sua administração no Ginásio ele não se preocupava apenas com a formação teórica. Sempre teve a preocupação com a prática, implantando escolas de datilografia (que foi muito importante para eu conseguir meu primeiro emprego no Paraná) e laboratórios.

Ao chegar no Paraná, baixinho, com sotaque “baiano” como eles diziam, no final do ano do 1º ano do 2º Grau já era o primeiro da sala. Era o padrão de qualidade do Ginásio Felinto Rêgo em ação.
Abraços,

Luís Gonzaga Sampaio Pierote
Teresina, 01 de fevereiro de 2010.

PS.:
Gonzaga Pierot é um unionense porreta que já andou meio mundo, sempre com muito sucesso e competência.

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